quarta-feira, 24 de julho de 2013

Conceito de messianismo

A fim de concluir o curso de bacharel em teologia na Universidade Metodista de São Paulo no polo Petrópolis - RJ, tive na época a satisfação de participar de vários seminários temáticos de Bíblia, entre os quais, um com o interessante tema “messianismo bíblico”, para o qual deveria me preparar com a leitura de alguns textos a seguir:
SCHWANTES, Milton. “O Rei Messias em Jerusalém: observações sobre o messianismo davídico nos Salmos 2 e 110”. In: Revista Caminhando, v. 13, nº. 21, jan-maio de 2008. p. 41-59 e SIQUEIRA, Tércio M. e SANTOS, Suely Xavier “O messianismo no profeta Miquéias”. São Paulo: Cedro, 2008.
smo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte".
Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: "Tu és meu filho; eu hoje te gerei.
Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade.
Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro".

Salmos 2:6-9
"Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte".
Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: "Tu és meu filho; eu hoje te gerei.
Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade.
Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro".

Salmos 2:6-9 
Cheguei naquela oportunidade, a uma conclusão para mim enriquecedora, a qual gostaria de deixar registrada aqui.
Foto  de http://noticias.gospelprime.com.br/guerras-de-israel
                  O conceito de messianismo bíblico segundo constatei, transcendia aos ideais de dominação dos povos que se insurgiam contra a soberania de Javé e de seu ungido. Segundo este estudo, também observei que  este tipo de conceito, que a título de exemplo, foi tão cantado nos nossos chamados corinhos de guerra, “nada contra eles”, acabavam, no entanto, nos apresentando uma característica quase que exclusivamente beligerante de messianismo.  

Assim sendo, pude mais meticulosamente, refletir sobre a ótica messiânica palaciana, que apontava para uma tendência mais expansionista, evocando para isto, o uso dos recursos bélicos e tendo como seu maior símbolo o cetro de ferro.  

 Posso afirmar ainda que na ocasião, continuei não deixando de  reconhecer que este conceito fosse válido, pois sempre entendi que tanto a ótica messiânica expansionista, quanto a ótica camponesa messiânica da ternura pastoral, têm o seu tempo específico de cumprimento, no entanto pude dilatar ainda mais a minha compreensão de que a  primeira não era exclusiva, pois bíblicamente esta tendência meramente expansionista, não contemplava perfeita e completamente as necessidades internas do cuidado simbolizado pelo cajado e pelo ideal hebreu de que a sabedoria e a força de Javé estivessem acima das estratégias humanas de dominação, por mais legítimas estas pudessem aparentar.  
"Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte".
Salmos 2:6

Foto da internet
Pude então, mais claramente, entender que o conceito de messianismo de Miquéias acabou trazendo em sua essência, uma apreciação mais apurada de ideais de governo e de cuidado, levando a todos aqueles que se sustentaram destas expectativas em todos os tempos a compreenderem de forma mais plena, a intenção divina de estabelecer sua autoridade sobre os homens que são exatamente o que Jesus pôde constatar a respeito deles: “como ovelhas sem pastor” e por isso necessitando do cuidado para se conduzirem e se realizarem plenamente e vivendo uma vida de paz

Refleti também que, por nossa vez, nós cristãos carregamos ideais e responsabilidades messiânicas, porque o termo cristão origina-se do título “o Cristo que acabou através dos tempos, incorporando-se ao nome de Jesus, título este que muitos por desconhecimento, pensam ser um sobrenome do Nosso Senhor, mas que realmente não é, pois sabemos que a palavra Cristo é a variante grega da palavra hebraica Messias.

Segue então que ao sermos chamados de cristãos, deveríamos também ser levados a uma reflexão destes ideais e responsabilidades messiânicos diante do mundo, pois este título que carregamos – o de cristãos, faz de nós um povo estritamente messiânico. 

Aproveito, inclusive, para citar aqui uma afirmação extraída do estudo dos textos que fiz naquela oportunidade:    
Às vezes, nós nos esquecemos da dimensão do pastoreio que a comunidade também deve desenvolver. E isso nos faz lembrar que Jesus, ao enviar seus discípulos, manda-os ir, fazer discípulos, batizar e ensinar (Mt 28-18-20). O Messias-Cristo, assim, os comissionou para continuar sua missão. Somos, portanto, responsáveis igualmente pelo pastoreio da comunidade do Senhor, do cuidado mútuo para que haja vida plena”.  

 
Somos levados então, a responder como corpo místico que somos de Cristo Jesus, às indagações dos nossos semelhantes em todos os tempos, carentes deste cuidado pastoral. 



Afirmo ainda, que dentre muitas indagações de sentido implícito que brotam diante deste tema proposto pelos professores Tércio Machado Siqueira e Suely Xavier dos Santos, ficaram registradas duas perguntas no final do texto “O Anúncio do Messias no Profeta Miquéias”, que forçosamente precisavam ser respondidas, as quais  transcrevo aqui com as minhas respostas tendo como objetivo, tão somente enriquecer esta reflexão:
  1. Como temos vivenciado a expectativa messiânica em nossos dias?
A verdade é que por mais que vislumbremos vários aspectos positivos, atualmente, entretanto, vemos com certa apreensão, algumas intenções claras de dominação e subjugação territorial e ostentação de poder “em nome do cristianismo”, o que não cabe dentro da ótica, nem do próprio Senhor dos Cristãos, pois ele rejeitou várias vezes este conceito de messianismo.
  1. A Igreja, como um todo, também tem que desenvolver o cuidado pastoral. Como podemos, na prática, demonstrar que o Messias - Cristo nos enviou para pastorear seu rebanho? Que atitudes demonstram este pastoreio?
 Devemos rechaçar o modelo de subjugação, de dominação, de beligerância religiosa, deixando as ostentações e vanglorias que pretensamente, alegamos evocar para “o reino” e passarmos, realmente usar os ideais messiânicos profetizados por Miquéias do cuidado pastoral, do desenvolvimento, da paz e da dependência do Senhor, que se completam na pessoa do nosso Mestre.  

IMW Central em Petrópolis - uma igreja rica em ministérios - fotos de 2008
Concluindo então, posso afirmar que tenho testemunhado a atuação de ministérios com características messiânicas inspiradas em profecias como as registradas em Miquéias e seguramente posso citar ente outros, o exemplo da Igreja Metodista Wesleyana Central em Petrópolis - RJ, a qual tive a honra de por um período pastorear, ou seja, no mesmo período em que me formei nesta conceituada Universidade.


1.       Nesta igreja assim como em outras que eu conheço, os ministérios constituídos não necessariamente de clérigos mais de leigos - gente simples, do povo, visitam exaustivamente os hospitais, os encarcerados nos presídios e as famílias desanimadas. 

2.       Fazíamos nela uma média de quatrocentos e cinquenta gabinetes pastorais por ano, tendo como objetivo o cuidado e a orientação das ovelhas que estavam vivendo variados tipos de sofrimentos.

Ao concluir, é propício afirmar, entretanto, que ainda que como corpo místico de Cristo que somos e  imbuídos de nossas responsabilidades messianicas diante do mundo, não podemos deixar de reconhecer que:

Há ainda um bom caminho a percorrer até alcançarmos a essência do pleno conceito de messianismo.

Trabalho de Messianismo que fiz quando estudei na Universidade Metodista de São Paulo

Zilda Arns - Saudades!

Shalom Adonai

Derciley

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