Existem momentos na vida em que a gente se sente pressionado por todos os lados; parece que a liberdade de gritar para o mundo lá fora e o ímpeto de se transbordar na plenitude da existência, acabam batendo asas como uma gaivota da paisagem da vida e o azul do céu interior cede lugar para nuvens cinzentas a predizerem um forte temporal.
Sendo assim, aquela brisa suave, que normalmente inspira alguns poetas, subitamente se avoluma, se transformando em uma impetuosa ventania - são os prenúncios das chuvas, dos temporais, dos dias maus a serem vividos.
Eu mesmo, quantas vezes me debrucei nos umbrais das janelas da minha vida, meditando em meio a ventania uivante e a chuva que caia torrencialmente, a espera do sol que há muito não dava o ar de sua graça e assim me vi vivendo a expectativa de bons tempos e de "momentos mais felizes"?
Parece até que os raios do sol da liberdade e da realização do mundo que mora lá dentro do peito, ocultam-se persistentemente, atrás de nuvens espessas, negras e imóveis - Ah que sufoco! Que vontade de sair gritando, mas nem se quer força se tem para se mover um só milímetro das circunstâncias!
E o que mais entedia, é que nos observatórios de previsão do tempo da vida, parece que sempre existem mais prenúncios de maus que de bons tempos.
Até parece que coisas como: brisa suave, azul fulgurante de um céu emoldurado de brancas nuvens; arvoredos entremeados por raios de um sol que se insinua em incidir-se de modo sorridente, são coisas de duração efêmera na vida. Enfim, na maior parte das vezes, a beleza inspiradora da poesia é quase que plenamente ausente.
Porém, apesar de tudo, ao menos um consolo deve se ter: é que apesar de poucos, ainda mesmo que aparentemente pouquíssimos, existem sim os tão almejados bons momentos e quando eles chegam e normalmente chegam após os temporais da vida que trouxeram alguns esvaziamentos e perdas, tudo então instantaneamente deixa de ser desencanto, fazendo reais os entranhados sonhos: ai tudo parece como cama de nuvens, travesseiro de plumas com pedacinho do céu!
Belo dia no meu querido Parque Nacional do Itatiaia |
Portanto, vale a pena esperar, ainda que em meio aos persistentes temporais esquivando-se das desilusões, numa incansável luta para fazer com que os prenúncios de maus tempos não sucumbam o desejo da chegada das intensas bonanças, pois é certo que estas sempre surgirão após os terríveis temporais da "vida nossa de cada dia".
Um texto que escrevi nos meus tempos de escola e que hoje o reencontrei, palavras registradas em uma folha amarelada e envelhecida e que ficaram esquecidas por um tempo em alguma gaveta - Expressões de uma época em que sonhei ser versado em literatura.
Abraços
Derciley
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