terça-feira, 20 de novembro de 2012

Minha grande necessidade


Lamentações 3:24-26 
A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.
  Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
 Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.

Judeu ortodoxo no muro das Lamentações
Estive meditando que, em meio a tantas desolações, tristezas e ruínas do sítio bem sucedido de Nabucodonosor sobre Jerusalém, Jeremias estivesse sofrendo demasiadamente!

Quantos amigos, o profeta provavelmente perdera! Quantos morreram no cerco! Talvez este homem de Deus perdera alguns bens materiais! Quantos relacionamentos interrompidos: Alguns afirmam que o jovem profeta Ezequiel teria sido seu discípulo, mas agora o mesmo entre milhares, estava exilado em Babilônia! Quantas advertências, na qualidade de profeta e porta-voz de Deus o mesmo fizera e que não foram atendidas!

Mas consigo ainda vislumbrar um homem de Deus que, apesar de tantas perdas e aflições que o fizeram chorar copiosamente e em alto som [1], ainda sim tinha uma alma profundamente anelante por Seu Deus: 
Percebo as palavras de um homem que, através da inspiração do Espírito Santo, deixa extravasar de sua alma uma necessidade extrema de ter Deus “como sua porção” e de Nele esperar.

 Esta necessidade, para Jeremias, superava todas as necessidades secundárias de estima de amigos e de entes queridos ou de segurança física ou econômica, pois Jerusalém lamentavelmente já havia sido destroçada implacavelmente pelo exercito babilônio.

Protestos contra despejos na Espanha 
A propósito vi domingo, chocado e com tristeza, uma reportagem da aflição e necessidade dos espanhóis diante da crise sem precedentes que se abateu naquela tão nobre nação; povo que aprendi amar entre outras coisas por causa de seus poetas: entre eles Miguel de Cervantes – o meu favorito - com os seus lindos versos de Dom Quixote de La Manha:


“Quem perde seus bens, perde muito, quem perde um amigo, perde mais ainda, porém quem perde a sua coragem perde tudo”

Realmente é muito triste, perder bens, amigos e pior ainda perder a coragem de continuar lutando, porque uns “capitalistas desgraçados” insistem em continuar estabelecendo os paradigmas de valores para  se perpetuarem no poder, “chamando mal de bem” e fazendo girar a máquina global do sistema compressor Babilônico.  

Pobre dos indefesos cidadãos necessitados na Espanha, na Europa em geral ou nos confins do mundo! No entanto, pior será o fim destes miseráveis, sem misericórdia!

Isaias 5:20  “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo ...  24  Pelo que, como a língua de fogo consome a estopa, e a palha se desfaz pela chama, assim será a sua raiz, como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel.!”

Mas ainda sim, preciso discordar em parte de Miguel de Cervantes, pois entendo que quem perde a coragem ainda não perdeu tudo! Perde tudo quem perde a sua esperança no Deus que deve, assim como o no caso do  profeta Jeremias, ser a sua porção!   

Com relação aos remanescentes da catástrofe que se abateu sobre Jerusalém em 9 de Av (agosto) de 586 a.C., Jeremias profetizou:         “Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio”

Enfim, assim como aquela nação sofrida, sem templo, sem muralha, sem rei, deveria entender que tinham necessidade suprema de Deus muito mais que de riqueza, que de aprovações humanas, que de respeito de quem deveria os tratar desta forma, que de reconhecimento e que de honras, também hoje, reconheço que a nossa absoluta necessidade é do Deus de Jeremias!

Não é somente porque ele é bom para os que esperam nele (v 25), nós reconhecemos que precisamos muito de sua bondade, mas sim porque realmente neste mundo de escassez de valores reais e de inversões de valores do aqui já citado global sistema compressor Babilônico” a única porção que verdadeiramente nós temos é o Deus de Jeremias! O Deus da nossa alma!

Que o Deus de nossa alma supra todas as nossas necessidades!

Abraços!

Fique na paz!

Pr. Derciley




[1] O termo “Lamentações”   é a tradução latina do termo grego “Trenoi” que significa “Alto choro” e que ficou traduzido como título do 2º livro profético de Jeremias

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Festas na Bíblia

A proposta para este trabalho é: depois de ter feito uma leitura do elucidativo texto do Dr. Tércio Machado Siqueira que trata do tema Festas na Bíblia, anotar os principais pontos, extraindo do mesmo qual o conceito de festa e de memória nas Escrituras Sagradas. 

Pretendo, portanto, seguir estas etapas a seguir:

Os principais pontos que extraí do texto do ilustre professor:
Antes de começar a elencar os principais pontos do texto, é interessante afirmar que o conjunto de informações é tão objetivamente construído, que acaba proporcionando alguma dificuldade do leitor separar principais pontos, todavia, ainda sim, consigo observar a ênfase que o autor dá aos seguintes:
a. O prazer que os hebreus tinham em celebrar as suas festas, não havendo nenhuma relação desta alegria na celebração com o fanatismo religioso.
b.   O caráter totalmente teocêntrico das festas, em decorrência de uma consciência de que o Deus que formou a nação hebraica era o fundamento da mesma. 
c.    As festas hebraicas, não tinham o mesmo caráter hedonista, de grande parte de nossas festas atualmente, inclusive eclesiásticas, pois mesmo em momentos de angústias, as festas hebraicas apontavam para os momentos redentores de Deus na história da nação, alimentando assim, uma nova esperança para o futuro.

A partir destes pontos posso observar que as festas dos hebreus, mais do que uma forma de celebração, foram instituídas por Deus com propósitos didáticos de levar o povo a não se esquecer da aliança com Ele, revelada no princípio aos seus patriarcas, sendo assim uma forma de manter ativa a memória, ainda que em momentos de angústia:
“Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”
Lamentações 3:21

Páscoa Judaica  - Pessach
Chama-me também a atenção, que as festas de Israel são embadasas em princípios éticos, sobretudo, na questão de relacionamentos com o próximo, principalmente com os desafortunados, os excluídos, entre eles os estrangeiros, os órfãos as viúvas, e etc., sem excluir, entretanto, o prazer na realização da festa:   
Deuteronômio 16.10-11 “E celebrarás a Festa das Semanas ao SENHOR, teu Deus, com ofertas voluntárias da tua mão, segundo o SENHOR, teu Deus, te houver abençoado. 11 Alegrar-te-ás perante o SENHOR, teu Deus, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro da tua cidade, e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva que estão no meio de ti, no lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para ali fazer habitar o seu nome.”
Esta contundente constatação me leva a concluir que o apostolo Paulo como um judeu, instruído aos pés de Gamaliel, se inspirou, a comemorar as novas celebrações cristãs nas igrejas do mundo Greco-Romano, tendo em essência os mesmos conceitos das festas hebraicas: ou seja, com ênfase na ética, na dignidade dos relacionamentos e após a sua conversão,  como memorial de uma nova aliança entre os irmãos em Cristo Jesus, ao mesmo tempo reprimindo os conceitos de festa com tendências hedonísticas comuns das filosofias de vida do mundo de então:

I Corìntios 11:20-34  “Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 21  Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. 22  Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo. 23 Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24  e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. 25  Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26  Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 27  Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28  Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29  pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30  Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. 31  Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32  Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. 33  Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. 34  Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando for ter convosco.”

Pentecostes - Festa das colheitas
d.  É também muito interessante a abordagem do Dr. Tércio Machado Siqueira, sobre a não originalidade das festas hebraicas, não deixando, entretanto, de serem passadas pelo crivo da sua religião, tendo como objetivos principais o de ações de graça pelos benefícios de Deus e também como memorial perpétuo, em detrimento total de um mero entretenimento.

Isto, a meu ver, deve nos levar a uma importante reflexão, sobre o processo de secularização dentro das igrejas cristãs, no mundo pós-moderno em que vivemos, no qual me parece que temos seguido o caminho inverso em se tratando da questão “influenciar – ser influenciado”.    
Creio que outros pontos poderiam ser aqui dissecados, entretanto, penso que não seja esta a proposta deste trabalho. Seguirei então, para concluir, respondendo as duas questões citadas na introdução deste trabalho.

 Qual o conceito de festa na BÍBLIA.
Podemos, afirmar, em decorrência dos pontos já aqui salientados que o conceito de festa na Bíblia, pelo menos inicialmente, era de alegria e de gratidão ao Deus da aliança, levando os hebreus a celebrações com propósitos memoriais. Entretanto, conforme a monarquia foi constituída e o tempo passou, puderam-se observar, em função da institucionalização das festas, propósitos estrategicamente relacionados à monarquia podendo ser citado aqui, por exemplo, propósitos unificadores do reino e de promoção da religião estatal, exemplos estes que em si, não eram maléficos, mas que de qualquer forma, acabavam extrapolando ao real sentido da realização destas festas. É interessante também lembrar a esta altura, alguns tipos de festas que embora, não compunham as celebrações periódicas de Israel, mas que acabam sendo um paradigma negativo ao culto de Javé, como foi o caso do culto ao Bezerro de Ouro. A questão que desejo aqui ressaltar é que normalmente, não se vê na Bíblia, qualquer tipo de celebração a Javé, que promova o anarquismo, a imoralidade, enfim jamais se encontra nas Escrituras, uma relação das festas hebraicas com atitudes hedonísticas.

Qual o conceito de memória na BÍBLIA.
Tabernaculos - Sucot
As festas, portanto, tinham, entre outros propósitos, memorizar os feitos de Deus através da história, e sua misericórdia àqueles que Dele carecem. A Bíblia nos mostra que a memória era importantíssima para os hebreus de forma que eles erigiam monumentos e construíam até altares para preservar a lembrança de eventos ou de determinada pessoa. Assim sendo, esquecer de alguém ou de um feito memorável, seria uma atitude descabida, entretanto, existiam pessoas ou feitos que deveriam ser esquecidos como foi o caso do Rei Jeorão, por exemplo. (II Crônicas 21:20).

Festa do Purim
 Livramento  Judaico nos dias de Ester 
Por fim, desejo afirmar que o legado que os hebreus deixaram para aqueles que herdaram as suas tradições: foi entre outras coisas, por exemplo: o de celebrar as suas festas tendo como objetivo: lembrar-se do Deus da aliança, não deixando de se lembrar do próximo, entre os quais, os desafortunados, os órfãos, as viúvas, os estrangeiros, enfim aqueles que deveriam ser envolvidos pela abrangência do amor. Mas é importante não esquecer que esta herança só se tornou plena de significado a partir da releitura destas tradições, feita pelos profetas Isaias, Jeremias e posteriormente por Jesus e os seus apóstolos.  Em suma, este foi o cerne das festas da Bíblia. Quando institucionalizadas, reduzidas a atos de religiosidades perderam em essência o sentido memorial, mas quando reinterpretadas em seu íntimo se tornaram um referencial perene de celebração.

Para encerrar, segue uma tabela com algumas festas bíblicas importantes para o povo de Israel em todos os tempos:

FESTAS BÍBLICAS MOSAICAS
DATAS
Pessach (Páscoa)
15 de Nissan
Shavuot (Pentecostes)
6 de Sivan
Sucot (Tabernáculos)
15 de Tishrei
FESTAS BÍBLICAS PÓS-MOSAICAS
DATAS
Chanucá (Restauração)
25 de Kislev
Purim
14 de Adar ou Adar II





Trabalho que apresentei para o meu curso de Integralização de créditos de Teologia na UMESP
Abraços
Derciley Chaves Bastos

sábado, 15 de setembro de 2012

Sem a unidade cristã, o mundo não vai crer!

Existem mais de duzentos e cinquenta milhões de
dalits - uma casta da ìndia tratada
 de forma preconceituosa
Ao ler o texto Ecumenismo e missão: conceitos e práticas indissociáveis de Jacques Matthey; esforcei-me por me colocar, por alguns instantes, no lugar dos islâmicos, dos budistas, dos hinduístas ou mesmo de um cético e logo comecei a fazer uma análise do cristianismo como se vê atualmente, e a conclusão a que cheguei é que fica muito difícil crer nos ensinos de Jesus a partir, da forma com que se apresentam atualmente alguns que se dizem seus “discípulos”, mas que na verdade nada mais são que seguidores de uma religião que parece não ter nenhuma afinidade com o seu mestre e criador.  

Quando se trata então, da questão da unidade entre alguns "que se disseram" instruídos por Jesus em tempos diversos, ai então a gente pode deduzir a dificuldade de o mundo crer. 

Mesmo assim e apesar disto, não podemos nos esquecer que um dos grandes anseios de Jesus ao se dirigir ao Pai Celestial na oração sacerdotal, foi a unidade:


 “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”. João 17:21.

Assim sendo, ao estudarmos sobre a Cristandade em lugares e tempos diversos, não podemos deixar de  admitir quão difícil tem sido que este anseio de unidade se cumpra; penso até que ele se cumprirá na sua integralidade somente na consumação dos séculos.


Entretanto,  creio também firmemente que este anseio:

  1. Deve pulsar no coração de qualquer discípulo do Nosso Senhor, que ama os seus ensinos.
  2.  Deve ser um sonho a ser perseguido incansavelmente, não obstante possa parecer para alguns uma mera utopia.
O grande problema é que até mesmo em tempo presente, apesar de vivermos em pleno século XXI, parece continuar faltando em expressiva parte "desta cristandade", o sentimento de nobreza que houve em Cristo e que foi corroborado pelo Apóstolo Paulo:

completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 3  Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4  Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. 5  Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus...” Filipenses 2:3-5

Portanto, é inegável, infelizmente, que ainda hoje se observa em gente que diz que “crê” em Jesus, a ambição de conquistar pessoas, mas por mero sentimento de partidarismo.

E não é verdade que se pode constatar isto na visão equivocada de alguns movimentos proselitistas, travestidos de evangelísticos "de pseudo-evangelistas na verdade", mas com o intuito de dominar as massas, e de vangloriar-se de que: “se tem mais adeptos, conseqüentemente, mais poder! Poder de que? De manipulação?”.

Mas, sempre é tempo para ponderar. A mensagem de Jesus, embora, alguns pretensos guardiões da mesma se esforcem em ofuscá-la, continua respeitada quer seja por céticos ou por religiosos. Falar sobre o que Jesus falou, ressoa cura e reconciliação; ressoa cura para uma humanidade perdida na falta de uma referência fraternal;  para gente que se discrimina que se exclui por ideologias diversas; ressoa reconciliação entre raças que não se entendem, mas que no fundo acreditam que se não houver uma reconciliação urgente, viremos a  nos autodestruir.

Penso inclusive que a missão para se curar os relacionamentos dos povos, para a busca da reconciliação entre "classes diferentes" e "raças todas iguais", não seja exclusividade da cristandade; penso que na realidade, seja uma vocação inata do ser humano - é coisa de gente em cuja alma o Deus criador de todos espelha os seus anseios. Portanto, todos nós cristãos, podemos convidar a todos os povos, raças, tribos, línguas a: “construirmos todos juntos, um mundo melhor”, basta que nós que dizemos ser discípulos de Jesus Cristo sigamos a sua diretriz: 

Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5:16.

Belíssimo trabalho realizado pela IMW em Moçambique
Que tal, então, alçarmos a nossa voz; não voz que compita, mas voz que clama por igualdade, por fraternidade, por justiça; voz que clama no deserto da indiferença humana por um mundo transbordante da graça de Deus. Voz profética que denuncie o mal e prenuncie um tempo que anseamos por raiar, tempo de paz e justiça para esta terra habitada pelo ser mais paradoxalmente, destrutivo e criativo – o ser humano.


Extraído de trabalho que apresentei para a  matéria ecumenismo, para o curso de bacharel em Teologia da UMESP          
          
Derciley Chaves Bastos

terça-feira, 19 de junho de 2012

John Wesley e a teologia prática


Ong Mt. 25:35/Petrópolis resgatando moradores de rua(líderes Jonas e Claudia)
Ao analisarmos o contexto sócio-cultural em que vivemos marcado pelo individualismo, consumismo, e por uma ética hedonista,  típicos  da pós-moderndidade,  também caracterizada pelo desejo inútil de reestruturação do homem contemporâneo, descrente com o tão esperado progresso prometido que acabou trazendo mais desgraças que alegria, podemos, seguramente traçar um parâmetro desta atualidade, com os tempos de John Wesley, marcado pela  Revolução Industrial, que a princípio foi prenunciado com expectativas de grande desenvolvimento. Um tempo de máquinas, de novas energias, de mais velocidade, e etc., mas que não demoraram a gerar alienação e sofrimento ao ser humano. 

Aquele período fez aparecer um numero imenso de desempregados de mendigos itinerantes, e em conseqüência disto: vícios, violência generalizada e corrupção, nunca vistos até então, e isto não somente na Inglaterra de Wesley, mas em boa parte do mundo naquela época.

No entanto, a luta incansável de John Wesley em meio ao caos imperante, para não permitir que a Igreja desse as costas para as vítimas deste sistema injusto e alienante implantado no mundo de sua época, seguramente tornou-se um paradigma, para a igreja a partir do século XVIII, principalmente, quando consideramos que ele teve que lutar contra um clericalismo insensível e também contra uma forma de teologar acadêmica que apesar de ter o seu valor, acabava se tornando indiferentemente ineficaz para atender as causas práticas de um contexto sócio-cultural degradante no qual o homem acabou perdendo os parâmetros da dignidade, degenerando-se moralmente.
     
Para um cristianismo, daquela época, que em conseqüência de sua apatia religiosa ao invés de ser reposta para as necessidades do povo, definhava-se e que ao invés de influenciar, estava sendo influenciado, Wesley foi um homem admiravelmente persistente, se tornado merecedor não somente de ser considerado um referencial pela sua geração, mas também tornando sua reflexão sobre a teologia prática, fundamental em todos os tempos. O seu extenso conhecimento teológico acadêmico foi colocado a serviço da prática. A sua teologia como “teologia de transformação” se tornou reconhecidamente o agente principal da reforma sócio-cultural da Inglaterra, e de modo particular, da Igreja. Sua visão teológica que privilegiava a reflexão sobre a prática comunitária da fé, tendo como exemplo as classes metodistas, foi a causa de uma grande mudança naqueles que foram alcançados em sua época e isto em todos os aspectos, não somente no religioso. 

Hoje ainda, neste mundo de desigualdades e degradação moral em que vivemos, assim como este grande teólogo, os pensadores cristãos devem persistir em associar a teologia com a prática. Principalmente considerando-se que hoje não cabe mais uma visão teológica estreita e indiferente aos necessitados, mas pelo contrário, uma teologia que persuada os homens a viverem a verdade em amor, a terem compromisso com a retidão, a terem o direito à liberdade plena sob uma perspectiva bíblica e não liberdade como propõe a pós-modernidade que certamente levará o homem atual a mais um de seus “becos sem saída”.

Cuidadar dos idosos:Ato de nobreza-Foto Asilo Nicolino Gulhot-Resende-RJ
  
 Enfim, devemos nos conscientizar que vivemos em um mundo de homens de corações endurecidos, mas também é necessário que entendamos como John Wesley que “o mundo deve ser a nossa paróquia” e que se assim como ele, integrarmos a teologia com a prática, a razão com um coração aquecido, poderemos também como naqueles tempos áureos, colhermos os frutos de uma geração realmente transformada pelo amor de Deus.

Texto de trabalho que apresentei em meu curso de Bacharel em Teológia para a Universidade Metodista de São Paulo 

Abraços aos alunos do CEFORTE - extensão Cabo Frio - RJ, para os quais ministrei a matéria: Doutrinas Wesleyanas. 

sábado, 28 de abril de 2012

Deficiências e adversidades, seja tudo para glória de Deus!

Meu Deus continua manifestando a sua Glória! 

Foi emocionante ver a história do jovem cego brasileiro que depois de surfar no Havai, aceitou o desafio de praticar "tow-in", uma modalidade ainda mais difícil do que o surf tendo conseguido, porém em meio a algumas tentativas frustradas, mas não deixando de fazer a seguinte afirmação de Fernando Sabino: 

"No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim."

Mais comovente ainda foi quando o apresentador Luciano Hulk sabedor que era, das dificuldades financeiras que enfrentava a família do jovem capixaba de 19 anos, fez a ele o desafio de recitar as cem primeiras casas decimais do  número Pi = 3,14... , desafio que ele venceu e que com lágrimas ao agradecer ao apresentador e abraçado a ele em meio as suas declarações de  aleluia,  emociado ainda fez a seguinte declaração:

"Glória a Deus! O Senhor te ama meu irmão!

E com certeza Deus ama ao Luciano Hulk, a Angélica, seus filhos  e a milhões de telespectadores que viram a belíssima e comovente história do Derek - o nosso surfista cego e que glorificou   ao Senhor diante da maior emissora de televisão do Brasil - a Rede Globo!

Deixo aqui alguns versículos da palavra de Deus sobre o encontro de Jesus com um cego de nascença, que nos ensina que deficiências do ser humano e adversidades da vida, devem ter como propósito a manifestação da glória de Deus:


João 9:1-3

 "E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus".    

http://tvg.globo.com/caldeirao-do-huck/O-Programa/noticia/2012/04/huck-mostra-primeiro-surfista-cego-no-mundo-praticando-tow-com-burle.html


http://globotv.globo.com/rede-globo/caldeirao-do-huck/t/programa/v/luciano-huck-leva-derek-para-participar-do-agora-ou-nunca/1924529/

Abraços irmãos!

Rev. Derciley

 


domingo, 15 de abril de 2012

Teologia da esperança e ministério pastoral


“O cristianismo é total e visceralmente escatológico, e não só a modo de apêndice (...). O escatológico não é algo que adere ao cristianismo, mas simplesmente o meio em que se move a fé cristã, aquilo que dá o tom a tudo que há nele. Como a fé cristã vive da ressurreição do Cristo crucificado, ela não pode ser simplesmente parte da doutrina cristã. Ao contrário, toda a pregação cristã uma orientação escatológica”.  
Jürgen Moltmann     
   
I.    INTRODUÇÃO:
É com muita satisfação que estarei desenvolvendo este trabalho cuja proposta foi inspirada na releitura que Ricardo Gondim, faz de Moltmann depois de vinte anos da publicação da obra “Teologia da Esperança”. É muito enriquecedor se enraizar ainda que brevemente na teologia deste notável teólogo que segundo Batista Mondin:

 “... talvez seja a figura mais representativa da teologia protestante contemporânea, depois do desaparecimento dos grandes lideres de escolas: Barth, Cullman, Tilich e Bonhoeffer”[1].

Estarei assim conforme solicitado, a partir desta reflexão, fazendo breve analise sobre a importância do ministério pastoral para o desenho do futuro em nossa sociedade.

II.    Comparação entre o contexto sócio-cultural de Moltmann e a Atualidade.
Entendo, antes de tudo, que seja necessário para o desenvolvimento deste trabalho, repassar em que circunstâncias se deram a conversão e posteriormente o desenvolvimento do ministério deste pastor luterano alemão, e faço isto transcrevendo brevemente alguns fatos relativos à sua vida:

“Jürgen Moltmann é um dos principais teólogos Luteranos contemporâneos. Ele nasceu em 1926 em Hamburgo, Alemanha. Moltmann lutou na II Guerra, foi feito prisioneiro pelos ingleses e foi levado para um campo de concentração na Inglaterra. Moltmann de 1945-1948, esteve prisioneiro dos aliados na Bélgica e na Inglaterra. Esses anos de prisão levaram-no a refletir sobre o sentido da vocação cristã. Em 1948 voltou a Alemanha e foi estudar teologia. A partir de 1952, atuou como pastor da Igreja Luterana. Desde 1967, foi professor de teologia sistemática na Universidade de Tubinga. Moltmann é um escritor prolífico, centrado integralmente em ‘olhar a teologia sob um ponto de vista particular: a esperança. É uma contribuição sistemática à teologia, na qual considera o contexto e a correlação que os diferentes conceitos têm no campo da teologia’.Moltmann dedicou-se e ainda se dedica a lecionar teologia em universidades. Moltmann é o criador da 'Teologia da Esperança', em que desenvolve as idéias da realização do Reino, como promessa fundamental de Deus”.[2]

http://megainteressante.tumblr.com/
É muito conveniente, observar que Moltmann, encontrou-se em meio a uma guerra ainda muito jovem (19 anos); penso ainda sobre as esperanças de um jovem alemão naqueles dias, em meio a toda uma efervescência ideológica por parte do nazismo de Adolf Hitler, propondo um mundo novo que não chegou, mas que certamente foi motivo de frustração para uma imensidão de jovens como ele. A crise de Moltmann certamente, foi diferente da vivenciada por Karl Barth[3], e por Dietrich Bonhoeffer[4], estes lutaram contra a guerra, como pastores, já aquele cria nos ideais Alemães, que, entretanto, entrou em colapso para a decepção de muitos.

O site www.batistafluminense.org/pastas/654/Licao, afirma o seguinte:

“Moltmann viu outros alemães desistirem de toda a esperança. Alguns adoeceram e outros até morreram. O mesmo teria acontecido com Moltmann se não tivesse encontrado Jesus. Um capelão lhe deu uma versão do Novo Testamento que incluía os Salmos em apêndice”.

Embora, a humanidade, não esteja imersa em uma guerra mundial nas características em que viveram os contemporâneos do jovem Jürgen Moltmann, não é difícil, constatar que milhões de pessoas na atualidade, percebem que uma guerra muito maior já foi perdida – a guerra da modernidade, trazendo uma avassaladora frustração de que o progresso não pôde cumprir as promessas de um mundo melhor. Existe, no mundo em que vivemos uma evidente desesperança. Quanta gente doente não somente fisicamente, mas também na alma? Quantos estão morrendo da tal desesperança?  E como a experiência deste teólogo Alemão nos inspira a uma reflexão! Desejo aqui citar uma frase conhecida e que creio ser oportuna para fazermos uma conexão entre aquele passado e o momento em que vivemos:  

"Sem conhecer a história, ficamos desorientados, não evoluímos e ainda repetimos os erros do passado”.

III.    A importância do ministério pastoral para o desenho do futuro em nossa sociedade: 
Embora, o futuro, parecesse sombrio para Jürgen Moltmann como o foi para milhões de jovens de sua época, foi lhe descortinada uma real esperança, ao encontrar-se com Jesus e ao ser-lhe oferecida pelo tal capelão, uma versão do Novo Testamento com os Salmos em apêndice. Penso que a história se insinue a repetir. Os prenúncios da pós-modernidade são escatologicamente armagedônicos; espantam-nos sobremodo; entretanto a igreja, não pode ficar passiva, aguardando o lado trágico do desfecho apocalíptico. Como afirmou o próprio Jesus o ômega do momento escatológico:  

Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cadadia o seu próprio mal.  Mateus 6:34

Existe realmente uma tensão entre o trágico e o maravilhoso no escatológico, e o trágico é o que não nos convém inculcar e disseminar, mas sim nos esforçarmos para que ele não domine o nosso presente, pois o presente é o tempo em que vivemos.  O cristão deve ser incentivado e instruído como foi o jovem Moltmann, a ser intolerante com o mal, pois este sim gera tragédias, frustrações e desesperanças; este sim antecipa para o nosso tempo o caos apocalíptico, que de nada nos interessa.  O pastor, em especial, deve proclamar um tempo de esperança, mas também um tempo em que os homens sejam levados a confrontarem a sociedade humana com todos os seus títulos e impérios que se organizam alicerçados em expectativas destrutivas.  A instrução do ministério pastoral deve ser no sentido de que a igreja não somente espere uma cidade futura, mas que já comece a se estruturar para experimentá-la, vivendo como cidadão dela aqui, pois Jesus já começou o processo de introdução do seu reino aqui neste mundo quando ressuscitou.
Estamos certos de que realmente no futuro, em Jesus, algo absolutamente surpreendente irá acontecer, entretanto, por ele ter ressuscitado e irrompido na história e na realidade humana, tendo feito isto com esplendoroso poder, não está isento de no presente, começar em nós e através de nós, surpreender-nos com os seus poderosos feitos.
Assim passou a crer e a pregar o outrora desesperanço soldado alemão Jürgen Moltmann, mas que ao aceitar Jesus pôde, através Dele, reconhecer quem realmente governa o universo e quem realmente concede uma esperança que jamais será frustrada.

IV.    Conclusão:
Para concluir, desejo, transcrever um texto de Batista Mondin sobre a relevante teologia deste inspirador teólogo e pastor alemão, que por certo, nos levará a considerar a importância do ministério pastoral como influenciador deste mundo desesperançoso e sombrio em que vivemos, mas que pode ser impactado pela proclamação de Jesus, no qual a esperança jamais será frustrada:

                         “Colocado em confronto com aquilo que podemos experimentar agora, ele traz algo de radicalmente novo. Não obstante, não está completamente separado da realidade que experimentamos e que vivemos atualmente, porque, como futuro ‘virtual’, ele influi sobre o presente, despertando esperanças e suscitando resistências... A esperança cristã não se volta a nenhum outro a não ser para o Cristo que veio, mas espera dele algo novo, algo que ainda não aconteceu, espera que se cumpra em todos,  a justiça de Deus que foi prometida por meio de sua ressurreição, espera que se cumpra a senhoria daquele que foi crucificado, estendendo-se a todas as coisas prometida em sua glorificação” [5].   


[1] Mondin, Battista, Os grandes Téologos do Século XX, Título original: I Grandi teologi del secolo ventesimo, Edições Paulinas. São Paulo - SP, p.195, 1987.
[2] http://teologia-contemporanea.blogspot.com/2008/02/jrgen-moltmann-1926.html, acessado em 20/06/2009.
[3] Karl Barth (10 de Maio de 1886—10 de Dezembro, 1968) foi um teólogo cristão-protestante , pastor da Igreja Reformada, e um dos líderes da teologia dialética e da neo-ortodoxia protestante. Nasceu na Basiléia e foi criado em Berna (ambas na Suíça). De 1911 a 1921 foi pastor da aldeia de Safenwil no cantão de Aargau. Lecionou teologia em Bonn, Alemanha, mas, em 1935, recusou-se a apoiar Adolf Hitler e teve que deixar o país, retornando à Basiléia. ... Originalmente treinado na Teologia Protestante Liberal, desapontou-se com ela devido aos males e horrores da Primeira Guerra Mundial...
[4] Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 4 de fevereiro de 1906 – Berlim, 9 de abril de 1945) foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência anti-nazista alemã e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista. Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco tempo antes do próprio Hitler cometer suicídio.
[5] Mondin, Battista, Os grandes Téologos do Século XX, Título original: I Grandi teologi del secolo ventesimo, Edições Paulinas. São Paulo - SP, p.199, 1987.

Trabalho que apresentei em meu curso de Bacharel em Teológia para a Universidade Metodista de São Paulo 

Abraços aos alunos do CEFORTE - extensão Cabo Frio - RJ, para os quais ministrei a matéria Teologia Contemporânea. 

Rev. Derciley Chaves Bastos

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O pastor, seu gemido, sua alegria!



Obedecei a vossos pastores, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil. 

  Hebreus 13:17



O escritor de Hebreus, ensina-nos a obedecermos aos nossos pastores, e sujeitarmos a ele. Este é um texto que exige de cada um de nós uma profunda reflexão nos dias em que vivemos.

É responsabilidade do pastor diante de Deus, segundo o texto,  velar pelas almas das ovelhas. ( A Bíblia Nova Versão Internacional  traduz a palavra velar como cuidar), assim, o pastor deve tomar conta das ovelhas para um dia devolvê-las a Jesus que as confiou; e embora alguns, inclusive até pastores, pensem que isto seja fácil, com certeza não é, pois requer fidelidade plena a esta missão, renuncia de alguns sonhos e sobretudo, amor incondicional ao Senhor que vocaciona o homem ao pastorado!

Penso que realmente temos vivido em uma época bastante árdua para o pastoreio, em um mundo onde se enaltece a auto-suficiência, onde alguns se acham sábios aos seus próprios olhos, se veem como quem tem ótimas idéias para liderar e serem bem sucedidos e não abrem mão de suas convicções próprias.

Ainda relacionado as declarações anteriores, vivi algumas situações em que  alguém opinava que eu como pastor, deveria ser mais enérgico, entretanto, simultaneamente a respeito da mesma situação, outro alguém já me afirmava que eu deveria ser mais manso e paciente. Me colocava então a refletir e orar a respeito da situação e chegava, às vezes, a conclusão de que as opiniões de algumas pessoas, normalmente dependia da ótica em que estavam envolvidas nas circunstâncias, pois acontecia de desejarem que o pastor fosse, complascente com os seus próprios erros, mas intransigente com os erros dos outros, sobretudo aqueles que "pisassem em seus calos" ou "atravessassem em seus caminhos".

Geralmente, este tipo de pessoa, que diga-se de passagem, não é maioria nas igrejas, acaba pouco se importando com o desfecho da situação, desde que a mesma lhe traga a sua satisfação pessoal. Assim, para alguns, normalmente pouco importa a alegria ou o gemido do  pastor citado em Hebreus 13:17b :

 "... para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil."

Gostaria, então de declarar a seguir em que consiste o gemido ou a alegria do pastor citados pelo escritor de Hebreus, segundo minha opinião:  

O gemido do pastor: Consiste em saber que existem pessoas na igreja que sorriem para ele por frente, mas o traem por trás, não o ouvem, fingem que o escutam, não valorizam os seus conselhos, seus esforços, sua experiência, não entendem suas lágrimas, suas perplexidades e seus sonhos. Pastores gemem, quando sabem que colocaram a mão ao arado e tem que seguir em frente, mas que chegam em momentos extremos a admitir a hipótese de voltar atrás. Fazem ouvir o seu gemido, quando algumas "ovelhas" se lembram dele como alguém "utilizável" somente na hora de a abençoar: no dia de seu casamento, da apresentação do seu filho, nos momentos de angústia dos hospitais ou quando a morte ronda os seus lares, sendo que para ele, se é que é verdadeiramente pastor, tudo isto, embora lhe seja uma obrigação, também lhe seria motivo de profunda alegria, se fosse acompanhado com um sentimento de gratidão e de amizade sincera! 

A alegria do pastor: Entretanto, consiste em saber que existem pessoas, que embora tenham problemas, o amam, o respeitam, o ouvem, choram com ele, se necessário for, reconhecem o seu esforço, suas renúncias. O veem como pastor, mas também veem ele e os seus como seres humanos carentes de amor, de ajuda, de cuidados, de amparo, de compreensão, pois embora tenham vontade sincera de acertar, são imperfeitos e sujeitos a errar como qualquer outra família da igreja.

Entendo assim que, a alegria do pastor é o reflexo de uma igreja que aprendeu a amar e a obedecer de corpo e alma o Supremo Pastor Jesus, que confiou a homens como Pedro, mesmo em momentos mais fragilizados de suas vidas  a mais nobre e sofrida de todas as missões que é  a de o  auxiliarem à apascentar o seu rebanho até que ele volte; aí sim será um só rebanho e um só pastor!      

"Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas."
João 21:16

"... a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor."
João 10:16 b


Abraços deste pastor e amigo!

Rev. Derciley