quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Hilquias - Referência para novas gerações

Nos estudos deste mês nos aprofundamos nas biografias dos profetas maiores, entre elas a de Jeremias. Entretanto, embora a história deste homem de Deus por si só seja apaixonante, não desejamos destacar aqui a importância de suas muitas lágrimas ou da devoção que o faz ser  para nós, um dos mais queridos profetas.  A nossa ênfase aqui, vai especialmente para a influência que o seu pai Hilquias exerce não somente sobre ele, mas também sobre gerações posteriores.

Hilquias – Sumo sacerdote, vive quase já no final da dinastia pré-exílica de Davi, mas entendo que o seu legado se perpetua através das novas gerações que, conjecturo eu, são influenciadas pela grande experiência que tem com o Deus de Israel e com Sua Palavra.

É assim que encontramos na Bíblia um Hilquias reformando o templo e neste empreendimento, tendo encontrado o “Livro da Lei”, lidera uma delegação enviada pelo ainda menino rei Josias à profetisa Hulda para “buscar ao Senhor” a respeito daquela notável descoberta. (II Reis 22:4-14; I Crônicas 6.13; II Crônicas 34:9-22; 35:8).
 
Crianças em EBF - IMW Morada do Contorno
Podemos assim entender nitidamente a influência de Hilquias sobre o Rei Josias, ainda mais se considerando que este garoto ainda que sem bons exemplos dentro da família a serem seguidos (II Rs. 21.19-26; II Cr. 33.21-25), mesmo assim, ainda com 8 anos de idade sob a égide deste sumo sacerdote e de outros tutores que o acompanham, surpreendentemente, começa a realizar grandes reformas no reino de Judá, como por exemplo:

Com 16 anos de idade ainda, afirmam alguns estudiosos,  Josias acaba com o paganismo e todas as formas de sincretismo religioso, com 20 anos apenas, elimina a profanação da terra e a purifica, destruindo os lugares altos, os postes-ídolos e as imagens de esculturas, também ainda jovem profana os túmulos dos sacerdotes idólatras, queimando os seus ossos sobre os altares pagãos e ainda restitui a festa da páscoa que já não era mais celebrada.  
Com relação ao menino Rei Josias
II Crônicas 34:1
Tinha Josias oito anos quando começou a reinar, e trinta e um anos reinou em Jerusalém. 

Assim sendo, ao estudarmos este tema, nos lembramos que não devemos deixar de ensinar nossas crianças no caminho em que devem andar e que às mesmas devem ser-lhes inculcados os ensinamentos e princípios que lhes serão grandiosos por toda a vida ( Provérbios 22:6; Deuteronômio 6:6-7). Ainda a respeito destes conceitos bíblicos em conformidade com o tema aqui levantado, ainda que a Bíblia não afirme, posso supor também a respeito do filho de Hilquiaso ainda pequeno Jeremiasque o mesmo tenha sido influenciado profundamente pelo seu pai, vindo a se tornar o que já citamos ao seu respeito no início desta reflexão.
Com relação ao menino Profeta Jeremias
Jeremias 1:4-6
Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino.


Não podemos então esquecer em relação a Jeremias, que Deus o capacita na infância como também foi o caso do já citado Rei Josias e assim sendo, lembro aqui que Deus não considera a nenhum dos dois, apesar de suas tenras idades, como incapazes de responderem ao Seu chamado. O que ocorre é que na verdade, Deus os conscientiza sobre uma missão a cumprir, não deixando, entretanto de usar gente experiente para orientá-los, para serem os seus guias, os seus aios, suas referências. 

Em contra partida, nos tempos em que vivemos, vemos com certa aflição o pensamento divergente imperante em relação aos conceitos bíblicos. Parece-nos inclusive, ser consenso dos pensadores seculares da atualidade, de que os menores sejam incapazes de responderem ativamente aos ideais que se descortinam à sua frente, e que estejam desobrigados das responsabilidades perante o meio social, sendo erroneamente blindados com relação as decisões que devem tomar e das suas respectivas conseqüências.

O menino Marcelo Pesseghini
Quem, por exemplo, não ficou perplexo com o caso do menino Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini? Quem, a principio não ficou inconformado com a forma com que a perícia criminal deu andamento ao caso da família assassinada? Quem na menor das hipóteses não relutou em crer que um menino como ele, pudesse cometer tal barbaridade?  Na realidade todos torcem para que o desfecho desta história não seja o que tem se vislumbrado até aqui, embora as evidências venham apontando para que o menino infelizmente seja o assassino.

Não desejo aqui fazer afirmações levianas sobre a tragédia ocorrida no seio da família Pesseghini e muito menos dissecar o tema da responsabilidade destes e outros assassinatos envolvendo tantas crianças e adolescentes ora como vítimas, mas inúmeras vezes como praticantes de crimes e que nos tem deixado perplexos. Entretanto, me sinto no direito de atrever-me e perguntar: quem são os responsáveis então pelas tragédias ocorridas evolvendo menores na sociedade em que estamos vivendo? Se não são somente os menores, então quem deve ser responsabilizado?

Não pretendemos aqui ficar execrando o posicionamento da psicologia social, da sociologia, do direito, da filosofia e de outros a respeito de tantos equívocos  na atualidade referentes à formação e à influência sobre novas gerações. Desejamos,  entretanto, ponderar ainda que com brevidade, a quem, ao nosso modo de ver, se pode atribuir alguma parcela de responsabilidade por tantas tragédias que temos testemunhado, envolvendo menores. Vejamos então:
  • A família
Quantas crianças já não têm mais os seus pais, avós, como referência, como provavelmente foi Hilquias para os menores Josias e Jeremias, e isto porque os pais estão mais preocupados com seus status financeiros e com o bem estar próprios. Infelizmente constatamos hoje que a família sofre uma radical influência da filosofia humanista-existencialista e assim, os pais estão mais preocupados com suas realizações e satisfações pessoais do que em ser referência de caráter para formação das novas gerações. 
  • Os meios de comunicação social
A mídia, por sua vez,  abraçada incondicional e gananciosamente ao capitalismo consumista, sem nenhum temor das conseqüências trágicas que induzem e arrastam as novas gerações, deformam suas opiniões em relação a conceitos e princípios cristãos saudáveis, as expondo à todo tipo de imoralidade sexual em novelas, filmes eróticos ou pornográficos, realitty shows, etc.; à violência em filmes com cenas de assassinatos, estupros, e outros; e como se não bastasse nossas crianças e adolescentes passam horas expostas à desenhos com conteúdos fantasmagóricos, com mensagens subliminares declaradamente satanistas. Isto não se esquecendo de mencionarmos vídeo-games, utilizados por meninos como Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, com conteúdos extremamente induzíveis, levando os "sem referência", da fantasia do mundo virtual à prática do mundo real.
  • O governo
Quanto ao governo, não pode ser isentado de sua responsabilidade com relação às tragédias, pois como se não bastasse criar leis contrárias aos princípios da moral e dos bons costumes, é conivente com a impunidade dos políticos que são referência sim, porém negativas e pior de tudo criando paradigmas do tipo dos tempos pós Moisés/Josué:  Juízes 21.25. “Naqueles dias não havia rei sobre Israel; cada um fazia o que achava mais reto”. Enfim, vivemos em um tempo onde praticamente não se cultiva o cumprimento de regras e nem de padrões saudáveis de conduta. Isto sem entrar em mais detalhes com relação ao parâmetro humano de justiça que é infelizmente degradado por natureza e da negligência com a educação, de tal forma que, ainda que não possamos generalizar, nem professores, nem governantes, nem magistrados, podem ser referência para crianças e adolescentes.  

Isaías 64:6
Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe. 
  • A igreja.
Deixamos por último, a parcela que a nós compete. Infelizmente, não são poucos os menores da igreja que tem sido problema para sociedade e quando feito uma análise mais apurada, são filhos cujos pais não os trazem aos cultos, à Escola Bíblica Dominical e que não recebem a educação em casa, sendo expostos como qualquer menor não evangélico, à mídia deformadora. São crianças e adolescentes  que são problemas na escola e no meio social de um modo geral, mal educados irreverentes. desrespeitadores, etc.

Sendo assim o exemplo de Hilquias não pode ser aplicado a alguns em igrejas cristãs ou evangélicas, que até são membros formais, mas que pelo fato da “luz dos seus exemplos” não resplandecerem, também não podem ser usados como referência para as novas gerações
Mateus 5:16
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus

Concluímos, então afirmando: como seria bom se levantasse hoje uma geração de homens como o sumo sacerdote  Hilquias, cujo nome significa, "A parte da minha herança é o Senhor", e que como líderes familiares, que como pensadores e formadores de opinião pública, sob a direção da mais poderosa lei de todos os tempos – A Lei de Deus, viessem se tornar referência para as novas gerações, fazendo esta influência positiva gerar grandes homens para sociedade! Quiça até a segunda, terceira geração...! Somente assim, diminuiriam o número das tragédias e aumentariam os feitos dos grandes e jovens homens. Que o Senhor Deus esteja forjando uma geração assim! 

Com relação ao bisneto do sumo sacerdote Hilquias – o sacerdote Esdras

Esdras 7:1, 6a
E passadas estas coisas no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias,.. Este Esdras subiu de babilônia; e era escriba hábil na lei de Moisés, que o SENHOR Deus de Israel tinha dado; e, segundo a mão do SENHOR seu Deus, que estava sobre ele...

Adolescentes dançando em IMW em Morada do Contorno

Abraços


Pr. Derciley

sábado, 17 de agosto de 2013

Ovelhas ou raça de víboras? O que realmente somos?

Nestes tempos de pós-modernidade, alguns que se dizem crentes reivindicam ao seu favor o direito de serem carregados nos ombros e o dever dos pastores de assim fazê-lo. Esquecem-se, entretanto, de fazer uma imprescindível reflexão se na verdade, ao invés de ovelhas, não são  alguma espécie de raça de víboras.
Mateus 3:7b “... dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?

Foto http.repteis.mundoentrepatas.comviboras.htm
Para quem gosta de analogias, sabe-se, por sua vez, que víboras não se carrega nos braços e nem se conduz a aprisco, sob pena de se sofrer o contágio dos seus venenos conforme (Marcos 8:5).  Ao contrário, raça de víboras devem ser instadas a irem ao deserto e alertadas sobre a ira que lhes aguarda, fazendo-se necessário que saibam que quem cuida não deve ir a elas e sim elas irem a quem as expõe.
Marcos 1:5 E toda a província da Judeia e os de Jerusalém iam ter com ele...”

Para gente assim semelhante as do tempo de João Batista, como Herodes, Herodias e todos os círculos de seus convívios, não cabem palavras de afago, porém de denúncia de suas más obras; uma voz que clame no deserto, que grite à sua consciência.

Da mesma forma, não diferentemente daqueles tempos, as pessoas hoje, ao invés de quererem ser mimadas precisam ser confrontadas em seus anseios de serem carregadas sem serem transformadas.
httpjornalmontesclaros.com

A propósito, até as ovelhas somente devem ser carregadas se estiverem feridas e impedidas de serem guiadas mansamente a águas tranquilas, a pastos verdejantes e a vereda da justiça. Ovelhas devem ser levadas a deitarem-se em pastos verdes - um sinal de que até então deveriam estar andando e não, sobrecarregando o pastor, que por sua vez tem a nobre e desgastante tarefa de: cuidar delas e guiá-las, fazendo-as chegar ao destino.
Salmos 23:1-3 O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”.
Assim sendo, afirmo que ovelhas devem caminhar com as próprias forças que lhe são concedidas pela robustez do pastoreio, afim de que não se tornem indesejavelmente obesas, incorrendo na falha de avantajarem-se sobre as  mais fracas, ou se tornem inoportunas na condução do rebanho, podendo vir assim, ainda que sendo ovelhas, consequentemente, serem censuradas pelo seu pastor. Senão vejamos as palavras do próprio Pastor de Israel: 
Ezequiel 34:20 Por isso o Senhor DEUS assim lhes diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra.
E é exatamente por isso que não creio em princípios darwinistas de seleção das espécies e nem nietzschianos semelhantes; não creio em super-ovelhaprefiro ficar com os ensinamentos do Supremo Pastor de que exista provisão igualmente para todos. 
   
Mas e ainda quanto as víboras? Há quem afirme que as mesmas sejam surdas; posso a esta altura então afirmar: embora o veneno do humanismo continue a ensurdecer a alguns nos tempos em que vivemos, a voz continua clamando no deserto e asseverando que: “O homem não é a medida de todas as coisas, não! - O antigo filósofo Protágoras se enganou redondamente”.  
   
Ovelha sendo tosquiada
Já com relação às ovelhas, ainda que desgarradas pela corrupção, como foram Zaqueu e Mateus; ainda que degradadas pela imoralidade como a mulher pega no ato de adultério, ao ouvirem a voz do pastor e o seu esforço de resgatá-las dos despenhadeiros da vida que tanto as afligem, sentem, em caso de necessidade o mais sincero anseio de serem carregadas, cuidadas e posteriormente a grata resignação de se deixarem tosquiar. Verdadeiras ovelhas reconhecem que aquele que as ama tem o direito de esperar que ao se tornarem saudáveis, gerem frutos no aprisco onde estão guardadas, são ovelhas mansas e não bodes ingratos e relutantes.

Ainda com relação ao produzir, as víboras por sua vez não produzem bons frutos – somente mais viborazinhas. 

Para produzirem frutos dignos; somente sendo convertidas pela voz que clama contra elas, sendo transformadas pelo que se conhece como o milagre da metanoia: “Mudança de mente” e conseqüentemente de direção. Se não mudarem, não lhes caberá jamais serem carregadas – não é o seu direito, mas sim o serem cortadas e descartadas; pois assim afirmaram tanto João Batista, como também o supremo pastor - Jesus:

Lucas 3:9 E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.

João 15:2 Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.

Enfim, raça de víboras é raça de víboras e não ovelha, tanto no conceito de uma voz que clama no deserto, como na voz de um Bom Pastor disposto a dar a vida pelas suas ovelhas.

Palavras de Jesus:
Mateus 23:1; 29; 33 "Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos... Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, Serpentes... Raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?"

E no meu, no seu conceito, quem verdadeiramente somos: 
ovelhas, discípulos, hipócritas, raça de víboras?


Abraços a todas as ovelhas


Pastor Derciley

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O que temos a ver com a tragédia ambiental em Resende - RJ?

Resende - natureza e industrialização de mãos dadas
No dia 17 de novembro de 2008, ocorreu um gravíssimo acidente em Resende-RJ, quando pelo menos 8 mil litros de um pesticida vazaram para o Rio Paraíba do Sul, durante o descarregamento do produto no pátio de uma empresa, outrora chamada Cyanamid Química do Brasil (empresa americana) que a princípio passou por um processo de terceirização, sendo assumida posteriormente por ex-funcionários que com muitos esforços, acabaram comprando aquele complexo industrial.

Desejo traçar alguns paralelos relacionados a este fato gravíssimo e a alguns acontecimentos relativos à minha vida: 

O primeiro fato é que sou nascido na cidade de Resende, o segundo é que trabalhei nesta empresa desde os meus vinte anos de idade, por um período de aproximadamente dezesseis anos, o terceiro é que tenho uma formação wesleyana e por muitas vezes tive a oportunidade de pregar o evangelho a colegas de trabalho sendo alguns hoje, graças a Deus, evangélicos. Trabalhei ali em comissões internas de prevenção de acidentes – CIPA, e na área de logística, responsável pelo armazenamento, planejamento e descarga de produtos semelhantes ao que me referi aqui.

Churrasco de confraternização de funcionários - 1983
Pude naquela época, assistir a algumas demandas entre setores produtivos, financeiros e entre responsáveis por segurança (período de 1980 a 1996) e ali ocorreram acirrados debates sobre a necessidade, por exemplo: de se implantar uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE’s), e também em outras questões relacionadas ao investimento em pessoal, em pesquisas e outras. Convivi ali, com muita gente séria, trabalhadora, mas também, com gente gananciosa, insensível às dificuldades do próximo. Enfim foi ali que conheci, no alvorecer da minha vida profissional, as duas faces do sistema capitalista. 

Infelizmente, o acidente foi em minha cidade, na mesma empresa em que eu trabalhei, no rio que por cortar a região mais industrializada do Brasil é considerado o mais importante rio para o progresso da nação. E são das águas deste mesmo rio que os meus conterrâneos tomam banho e também bebem água. É este mesmo rio que corta todo o Estado do Rio de Janeiro, desaguando na cidade de Campos dos Goytacazes - RJ; infelizmente a tragédia foi sem precedentes, para a flora, para fauna, para a agricultura, para os pescadores, enfim, o dano foi enorme.
Foto de Otacílio Rodrigues

Não sei se na época  superestimei o problema, mas o que de certo modo mais me inquietou, é que não fiquei sabendo de nenhum seguimento cristão, que tenha se posicionado oficialmente, nem sobre a mortandade de peixes, nem sobre os 1.200 pescadores que ficaram sem a sua forma de sustento, nem sobre as populações ribeirinhas daquele belo e importante rio, ou mesmo sobre anteriores desmatamentos de suas margens. Nada, nada.

 Cheguei até a pensar que o problema era que eu tivesse mal informado, mas mesmo assim decidi levar esta reflexão a todos nós cristãos de um modo geral, por crer que o problema não seja exclusivamente dos setores público ou privado.

Mortandade de peixes no Rio Paraíba do Sul
Quanto aos meus conterrâneos evangélicos resendenses, quanto aos cristãos fluminenses, quanto aos cristãos brasileiros de um modo geral; será que realmente estamos preocupados com os nossos Rios Paraíba, Tietê, Guandu, São Francisco, Amazonas, e outros... Ou será que alguns, estão entorpecidos pela acomodação da esperança em um futuro, do usufruto de um rio de águas cristalinas jamais poluíveis, que para alguns pseudocristãos, jamais acontecerá?

Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro”. 
Apocalipse 22:1

Foto do site www.pescaki.com.br
Confesso que fico impressionado como alguns dizem crer na salvação do homem degradado, afirmando que a salvação é direito de todos – dizem, inclusive, professar uma teologia sinergista [1], entretanto pouco importa a alguns as tragédias, isto é, se os seus filhos, os seus irmãos, não fizerem parte da comunidade de pescadores infelizes, de ribeirinhos que não tem outro lugar para morar e que acabam fazendo os seus barracos sem esgoto a beira dos nossos amados rios, entretanto, já poluídos pela depredadora e corrompida máquina global capitalista!

Posso aqui afirmar que, com certeza o que vivemos hoje, é bem parecido com o que aconteceu na Inglaterra do século XVIII, fatos estes que acabaram contribuindo para que a bandeira da teologia social de Wesley viesse a ser desfraldada:

                         “Assim, pois, era o povo, degradado até ao embrutecimento, no caso das classes populares, e corrompido até ao cinismo, no meio das classes intelectuais, que o metodismo se propôs a reformar. Parece que a nação tinha chegado a tal extremo de depravação que só lhes sobrava à alternativa entre perecer ou nascer para uma vida nova”.[2]

Infelizmente, assim como assistimos a tragédia no Rio Paraíba em 2008, temos constatado o aumento de forma descomunal de outras tragédias, e tanto pobres como ricos contribuindo para a degradação tanto de rios, como de lagos e de fontes de águas em geral; e assim inquietos fazemos a grande indagação: o que fazer?

 Particularmente, eu penso como John Wesley, que a nossa preocupação deve ser primeiramente de não ignorar a parte mais sofrida nesta caminhada destrutiva da modernidade - os pobres. 

Quanto aos ricos, devem ser instados a uma atitude responsiva com relação à graça de Deus, que é direcionada a todos os homens indistintamente e não somente a eles. Ainda quanto a estes – os ricos devem ser conscientizados a contribuírem para a restauração da sociedade como fator primordial para a restauração da dignidade humana, sob pena de sofrer as penas inerentes a esta omissão.    

Especificamente, com relação a luta em defesa do meio ambiente, o envolvimento da igreja deve ser em prestar a sua contribuição educativa no sentido de conscientização para preservação e recuperação da natureza, e em decorrência disto envolver sem qualquer preconceito todos os cidadãos: 


pobres, ricos, políticos, religiosos, enfim, todos os homens, a caminharem rumo a um grande diálogo que leve todos, a exercerem plenamente a sua cidadania.

A proposta então, é persuadir a todos quantos cremos que Deus ama, a fazerem uma grande aliança tendo como alvo, mudanças profundas que proporcionem oportunidades melhores para que todos possam crescer na vida.

Enfim, a meu ver, isto é soteriologia social: é não focar a salvação somente no individuo, mas também no espaço público de um modo geral, onde por um lado o homem pode desenvolver a sua salvação e por outro lado, pode acabar se perdendo em decorrência de uma atitude gananciosa e exploradora do seu semelhante.

Assim, concluindo, expando a pergunta do início: O que temos a ver com as tragédias em Resende, em Petrópolis, em Angra dos Reis, em Niterói, na Amazônia, no Japão, enfim em todo o mundo? 
Trabalho de Soteriologia social que fiz quando estudei na Universidade Metodista de São Paulo
Abraços

Pr. Derciley

[1] E esta convicção não deveria nos levar a uma responsabilidade maior? Se todos têm o direito de ser salvo, não devemos como sinergistas, proporcionar-lhes  o acesso a salvação?
[2] Leliévre Mateo - Smith & Lamar, João Wesley sua vida e obra, tradução Gordon Chown: - Editora Vida, pág, 13 – 1997.