Igreja reformando escola Uma parceria genial |
Quando
eu era ainda criança aprendi a pautar as minhas condutas por princípios éticos vinculados
ao respeito e ao amor ao outro; lembro-me que este aprendizado veio
especialmente de minha mãe, embora reconheça hoje que a mesma, não soubesse
exatamente o que representasse ser uma pessoa ética, por ser uma mulher de
instrução limitada.
Lembro-me
de um dia, quando muito pequeno, em que cheguei em casa com um carrinho
plástico de brinquedo, sem as rodas, que havia achado no lixo da casa do meu
amiguinho José e minha mãe após ter me corrigido com rigidez, me fez voltar a origem
do fato e pedir desculpas por ter pego o objeto sem a autorização dos donos da
casa, que na verdade já o tinha descartado para o lixo. Hoje, até consigo
entender que a reação de minha mãe, a priori, poderia parecer exagerada, mas
atitudes como estas foram determinantes, pedagógicas e norteadoras para a minha
vida e para a formação do meu caráter e de meu relacionamento respeitoso com o
outro.
Hoje,
mais do que uma crise econômica ou política, vivemos uma crise ética profunda
levando a sociedade a um caos sem precedentes, marcadamente caracterizada pelo
vazio de amor e de respeito.
E
a grande indagação é como superar a crise que vivemos atualmente? Como a
sociedade poderá contribuir para que a crise econômica e porque não política
seja suplantada levando a nossa nação a um novo nível de desenvolvimento humano?
O
objetivo deste trabalho é apresentar a problemática, que envolve a crise ética
latente nas variadas esferas sociais, inclusive na familiar, crise que sustém,
ou conspira contra o esqueleto frágil da formação sócio-política brasileira.
2.
O
pragmatismo ético:
Embora possa parecer irreconciliável
os dois termos que sugerem este título: pragmatismo e ética, podendo aqui ser
lembrado Kant que cria que a ação do homem deveria ser um imperativo
categórico, ou seja, como ele mesmo afirmava: “Age
como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, através da tua vontade, uma lei
universal."; a sociedade moderna se perdeu em relação aos absolutos,
tentando conciliar pragmatismo e ética de tal forma que a relativização desta,
fizesse a sociedade ao seu bel prazer, crer que o errado até pode ser
proveitoso se for útil para o resultado final do que compreendemos como bem-estar
social. E assim sendo, instaurou-se o vácuo ético dominante no qual vivemos,
esvaziado do amor e do desrespeito nas relações sociais.
Concordo com a frase,
embora paradoxal de Blanchard e Peale (1988, pg. 21) que afirmou que: “Não há maneira
certa de fazer uma coisa errada”, e certamente este é o grande problema no qual
estamos vivendo: o problema da relativização sutil, da conivência com os
pequenos desvios éticos. E foi assim que pude constatar a degradação social
através dos tempos, ao passo que na minha vida em contrapartida, permita-me,
pude experimentar a ascendência ainda que sem pressa na minha vida
profissional, subindo pelo degrau, às vezes, íngreme mais sempre seguro do
principio ético pautado pelo amor e pelo respeito ao sujeito com o qual
interagia, principio este forjador do caráter, que a meu ver, é o elemento decisivo
para a confiabilidade social e também o agregador da consolidação e do
fortalecimento de uma nação ética.
3.
O
resgate da ética social pautada no amor ao sujeito:
A linda Maria Eduarda Ainda que o desânimo tente nos abater, não podemos deixar de continuar fazendo outras Marias Eduardas sonharem! |
Um dos fatos marcantes em
minha vida relacionada à educação escolar, aconteceu em um âmbito religioso,
fato este que me inspirou a repensar a parceria igreja/escola, ou como eu poderia
chamar de projeto “pastoral da eticidade na escola”.
Este fato ocorreu quando fui
convidado por uma coordenadora escolar que observou que um grupo de
adolescentes que passou a frequentar a minha comunidade eclesial, passou também
a adotar comportamentos elogiáveis no contexto escolar e que simultaneamente esta
mesma escola ganhou um prêmio a nível nacional como instituição educacional
destaque em sua comunidade. O prêmio
consistia em visitar uma escola norte-americana e ao ser consumado este fato, a
diretora pôde constatar com certa admiração um projeto onde ela fora conhecer nesta
nação, de que havia uma parceria com as comunidades eclesiais que inseriam
noções e princípios éticos de amor e respeito ao sujeito nas escolas e que contribuíam
com valores e conhecimentos, como educação musical/instrumental, atitudes de
fraternidade, dança, artes cênicas e etc.
Assim fui convidado para uma parceria, que
embora de cunho laico, mas que ainda sim em parceria com o seguimento
religioso, contribuiu efetivamente para o empoderamento da ética na juventude
daquela comunidade.
O meu encantamento com esta
espécie de projeto fez com que passasse:
a.
A apoiar junto ao corpo
administrativo eclesial, investimento financeiro para a escola da comunidade,
como reformas do ativo fixo escolar e do patrimônio em geral, nos tornando
assim parceiros na construção social eticamente engajada.
b.
Fazer da igreja uma espécie
de projeto escola onde se ensina, não somente noções de espiritualidades, mas
de cidadania e de comprometimento social.
Aula de artesanato - Projeto Vivendo e Aprendendo |
4. Conclusão:
Entendo
assim que a eficácia da ética para a superação da crise social vigente poderá
acontecer, apesar de os tempos serem dificílimos, mas antes disso, há de se
superar o pragmatismo ético que tanto debilitou a sociedade pós-moderna. Sugiro
ainda aqui, o resgate da ética social pautada no amor e respeito ao sujeito e
em todos os seguimentos (citei neste
trabalho somente a relação eclesial/escolar) que poderia ser expandida (e que creio que já esteja se expandindo) para
outras relações sociais como empresa/escola, esporte/escola, órgãos de
saúde/escola, tendo como alvos jovens em formação, mas alcançando através
destes, também familiares às vezes desajustados, condicionando o empoderamento
ético e social, causando uma reação em cadeia que contribuirá imensamente para
a superação desta crise na qual vivemos.
Projeto Vivendo e Aprendendo - Classe de aprendizes de violão |
BLANCHARD, K.; PEALÉ,
N, V. O poder da administração ética. Distribuidora Record de Serviços
de imprensa S.A., 1988
ALENCASTRO, M.S.C,. Ética empresarial na prática. Editora
Intersaberes Dialógica. 1988.
PROGRAMA FANTÁSTICO. Rede Globo.
Disponível em: <
http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/anjo-chamado-fernanda-aparece-e-muda-a-vida-da-bruxa-da-cracolandia/5772109/ > Acesso em: 04
abr. 2017.
Trabalho apresentado para o curso de licencitarua em filosofia do CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL -
UNINTER