Ong Mt. 25:35/Petrópolis resgatando moradores de rua(líderes Jonas e Claudia) |
Ao
analisarmos o contexto sócio-cultural em que vivemos marcado pelo individualismo, consumismo, e por uma ética hedonista, típicos
da pós-moderndidade, também
caracterizada pelo desejo inútil de reestruturação
do homem contemporâneo, descrente com o tão esperado progresso prometido que
acabou trazendo mais desgraças que alegria, podemos, seguramente traçar um
parâmetro desta atualidade, com os tempos de John Wesley, marcado pela Revolução Industrial, que a princípio foi
prenunciado com expectativas de grande
desenvolvimento. Um tempo de máquinas, de novas energias, de mais velocidade, e
etc., mas que não demoraram a gerar alienação e sofrimento ao ser humano.
Aquele período fez aparecer um numero
imenso de desempregados de mendigos itinerantes, e em conseqüência disto:
vícios, violência generalizada e corrupção, nunca vistos até então, e isto não
somente na Inglaterra de Wesley, mas em boa parte do mundo naquela época.
No entanto, a luta incansável de John Wesley em meio ao caos imperante, para não permitir que a Igreja desse as costas para as vítimas deste sistema injusto e alienante implantado no mundo de sua época, seguramente tornou-se um paradigma, para a igreja a partir do século XVIII, principalmente, quando consideramos que ele teve que lutar contra um clericalismo insensível e também contra uma forma de teologar acadêmica que apesar de ter o seu valor, acabava se tornando indiferentemente ineficaz para atender as causas práticas de um contexto sócio-cultural degradante no qual o homem acabou perdendo os parâmetros da dignidade, degenerando-se moralmente.
Para um
cristianismo, daquela época, que em conseqüência de sua apatia religiosa ao
invés de ser reposta para as necessidades do povo, definhava-se e que ao invés
de influenciar, estava sendo influenciado, Wesley foi um homem admiravelmente
persistente, se tornado merecedor não somente de ser considerado um referencial
pela sua geração, mas também tornando sua reflexão sobre a teologia prática, fundamental em todos os tempos. O seu extenso
conhecimento teológico acadêmico foi colocado a serviço da prática. A sua teologia como “teologia de
transformação” se tornou reconhecidamente o agente principal da reforma
sócio-cultural da Inglaterra, e de modo particular, da Igreja. Sua visão
teológica que privilegiava a reflexão sobre a prática comunitária da fé, tendo
como exemplo as classes metodistas, foi a causa de uma grande mudança naqueles
que foram alcançados em sua época e isto em todos os aspectos, não somente no
religioso.
Hoje ainda, neste mundo de desigualdades e degradação
moral em que vivemos, assim como
este grande teólogo, os pensadores cristãos devem persistir em
associar a teologia com a prática. Principalmente considerando-se que hoje não
cabe mais uma visão teológica estreita e indiferente aos necessitados, mas pelo
contrário, uma teologia que persuada os homens a viverem a verdade em amor, a
terem compromisso com a retidão, a terem o direito à liberdade plena sob uma perspectiva bíblica e
não liberdade como propõe a pós-modernidade que certamente levará o homem atual
a mais um de seus “becos sem saída”.
Cuidadar dos idosos:Ato de nobreza-Foto Asilo Nicolino Gulhot-Resende-RJ |
Enfim, devemos nos conscientizar que vivemos em um mundo de homens de corações endurecidos, mas também é necessário que entendamos como John Wesley que “o mundo deve ser a nossa paróquia” e que se assim como ele, integrarmos a teologia com a prática, a razão com um coração aquecido, poderemos também como naqueles tempos áureos, colhermos os frutos de uma geração realmente transformada pelo amor de Deus.
Texto de trabalho que apresentei em meu curso de Bacharel em Teológia para a Universidade Metodista de São Paulo
Abraços aos alunos do CEFORTE - extensão Cabo Frio - RJ, para os quais ministrei a matéria: Doutrinas Wesleyanas.